INTRODUCÇÃO
C. G.
Jung
É
indiscutível que o Ayrton Senna foi escolhido. Seguiu a sua missão até o último
momento, até aquele dia 1 de Maio de 1994, incompreensível para muitos. Ficou
fiel à voz interior dele e à lei divina, a qual o obrigou de compartir o
inteiro ser dele com os milhões de pessoas no mundo. Literalmente tinha
oferecido a si próprio até a última gota de sangue, o aluno digno do seu
Mestre.
Não
é costume aplicar metáforas deste tipo a uma pessoa do mundo do desporto. Ai
tem heróis, ídolos, pessoas que até são capazes de sacrificar a vida deles
para obter o melhor resultado, e todos são pessoas especiais com os motivos que
se podem compreender. O Ayrton Senna foi tudo isso no sentido desportivo, mas
foi também um pouco mais; o Ayrton continua a ser um pouco mais. O seu poder
humano, coração tenro e fé ao próprio ser criaron a excepcionalidade que
sobreviveu a morte física dele. É por causa disso que a memória que hoje
temos dele não é nem unilateral nem formal. A personalidade forte dele tem
influenciado muitos, e acredito que para eles, como para mim, ele voltou a ser
um exemplo de como deviamos viver, porque um homem não se cria com palavras,
senão com exemplos, e o Ayrton sabia-o.
“Queria dar uma prova concreta que
realmente podemos mover os nossos limites, que esta força, que podemos
encontrar em nós, nos dá a possibilidade de ficarmos melhores constantemente”
- foram os pensamentos dele.
É
conhecido que ele encontrou a força dele em fé. Como? Isso já é menos
conhecido. “Acho que aquilo que está
escrito na Bíblia é uma coisa muito séria, palavra por palavra, e eu tento
compreender a vida através de Deus” -disse. Foi assim que ele fazia tudo, com fé e consistência.
Quando tinha monido, muitos suspiraram: “Meu Deus,
tinha só 34 anos, e isso era a idade de Jesus.”
Se
quisermos compreender a actitude do Ayrton para com a vida, absolutamente temos
que ouvir as mensagens de Jesus. Não de forma como elas nos são apresentadas
pelas distintas comunidades religiosas inúteis, mas de forma como o exigia o próprio
Jesus: “Dou-lhes
um exemplo” -
disse. O Ayrton seguia esse exemplo e fez-se um exemplo para outras pessoas; foi um daqueles que compreenderam bem os
mandamentos de Deus: não apenas as palavras, obras! Por isso cada tentativa
diferente de explicar a personalidade do Ayrton Senna, sem considerar este facto
clave, leva sempre até a perda em contradições, e foi por isso que aqui
tentei explicar a vida dele assim como ele a vivia - em comunidade com Deus, com
quem falava em público, diante de todos, vivendo cada dia segundo as leis dele.
A devoção dele não foi fingida, ele rezava a Deus com obras, a toda hora.
Ao escrever esta história do Ayrton (deixando a palavra principal ao próprio Ayrton e por isso isto é a história dele) a música acompanhava-me o tempo inteiro, de forma que este breve resume da vida de Ayrton Senna tem um fundo musical. A música é um meio muito poderoso, a língua misteriosa da experiência universal da realidade, e ouvindo o grande artista Freddie Mercury (Ayrton Senna gostava muito da música dele*), eu encontrava as palavras com mais facilidade, para descrever a profundidade da alma do amigo ausente e divulgar a mensagem que ele nos dirigiu. Por isso ouçam obrigatóriamente as canções de Freddie Mercury, porque elas não são uma moda, nem passageiras, foram cantadas para trovoar com toda a força; elas também são as mensagens dirigidas aos milhões, criadas para continuarem.